Rodolfo Juarez
O atual governo do Amapá terminou o ano com a realização da boa programação do Réveillon do Amapá, uma proposta interessante que atingiu os objetivos da programação com a valorização do turismo, do entretenimento, da ocupação ocasional e da geração de renda, em um período em que muitos estavam dispostos e com possibilidade de gastar.
Entretanto, fica distante da realidade dizer que a economia é conduzida pelos gastos dos consumidores. O que conduz a economia é a produção. O consumo, por definição, só pode vir depois da produção, ou seja, a produção deve necessariamente vir antes do consumo, uma vez que se pode consumir algo, se tem antes a produção. A lógica aponta que: se não há produção de um bem que tenha valor no mercado, não há renda e, consequentemente, com demanda será zero.
O mal-estar é nacional e global. Há quem avalie que o ano de 2024 foi perdido para o Brasil e se teme que 2025 seja semelhante.
O país, há dois anos, patina preso na letargia sem a definição de um programa de desenvolvimento e dividido por promessas que já tinham sido ouvidas, ou seja, picanha e cerveja acessíveis a todos em um país que seria “feliz” novamente.
Isso era pouco para um programa de governo, mas foi o suficientes para vencer uma eleição.
No palco internacional, o Brasil enfraqueceu sua reputação na Europa ao se aproximar mais do Brics, hoje dominado por autocratas e ditadores. É provável que tenha marcado pontos com aquele grupo econômico, independentemente do que isso possa trazer de bom ou ruim para o Brasil.
Embora alguns dados econômicos sejam muito positivos – crescimento estável do PIB e queda no índice de desemprego – esses números positivos não se refletem no humor da população. De acordo com pesquisa de opinião fartamente divulgada, 40% dos brasileiros acreditam que a economia se deteriorou nos últimos 12 meses.
Além disso, 68% dos entrevistados afirmaram que seu poder de compra caiu em comparação com o ano anterior. É claro que isso se deve à alta inflação dos últimos anos. Portanto e por enquanto, a picanha para todos, prometida pelo presidente, não se concretizará.
Há dois anos o presidente da República vem pressionando, em vão, por uma redução da taxa de juros Selic, que está alta e deve aumentar ainda mais em 2025. Isso não é bom para as famílias e para as pequenas e médias empresas, mas é ótimo para os endinheirados, que podem seguir aumentando sua riqueza sem esforço. A desigualdade no Brasil, que sempre foi um dos principais males, fica assim mais escancarada
Também é provável que o real se desvalorize ainda mais, com uma taxa de câmbio acima dos R$ 6,00 por dólar americano em 2025. Outro ponto que enfrentou e venceu as promessas dos atuais dirigentes nacionais foi de o déficit primário que em setembro de 2024, considerando os últimos 12 meses, já alcançava o total de R$ 227,5 bilhões, razão pela qual os investidores estão cautelosos com o Brasil.
Mas é claro que não são apenas os dados econômicos contraditórios e o mau humor da população que fazem de 2024 um ano difícil para o Brasil, e que, até agora, não apontam necessariamente para melhoras em 2025.
E ainda precisa ser considerado os bloqueios políticos, que obrigam o país andar obedecendo às marcas de uma circunferência, a violência urbana, as catástrofes climáticas, as quedas de pontes como o ocorrido naquela que liga Estreito/MA e Aguiarnópolis/TO, o marco do saneamento básico, entre outros, aliados a uma falta de visão positiva do Brasil
Tudo isso tem reflexo no Amapá, que cultiva a esperança da conclusão dos estudos da Petrobrás na costa do Amapá e que sofre forte pressão do Ministério do Meio Ambiente, sustentado em teorias ideológicas que prejudicam, ainda mais, o que poderia ser a aceleração do desenvolvimento local.
Mas vem aí a COP30! O Brasil já respira os ares da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30, que será realizada de 10 a 21 de novembro de 2025, em Belém (PA), no coração da Amazônia, o mesmo coração em que Macapá, a capital mais próxima de Belém.