Rodolfo Juarez

Estou de retorno de mais um deslocamento que fiz para Belém com o objetivo exclusivo de me manter apto na fila do transplante de rim onde sou um número, o qual me define como cadastrado e na fila de espera para o chamado por um dos 4 telefones que, também, estão cadastrados e que um deles pode tocar a qualquer momento, tendo do outro lado da linha, a minha médica assistente que é da equipe de transplante do Hospital Ophir Loyola.

A fila de transplante de rim, como para o transplante de outros órgãos, no Brasil é gerenciada pelo Ministério da Saúde. O tempo de espera pode variar de acordo com a região e a gravidade da doença. O cadastro é transparente para todos e, depois de aberto o cadastro dos dados, incluindo o tipo de doença, o nível de gravidade, além de outras características imunológicas, o Ministério da saúde divulga, diariamente, dados atualizados sobre a lista de espera.

Para consultar a posição na fila de transplante de rim o paciente, o acompanhante, seus familiares e outra qualquer pessoa do povo interessada, por qualquer motivação, pode acessar a fila usando a internet diretamente no STN –  Sistema Nacional de Transplante, https://snt.saude.gov.br/links.aspx, onde aparece, na segunda fila, “cadastro técnico de rim”. Clicando em cima do “cadastro técnico de rim”, o sistema pede para digitar o RGCT (Registro Geral da Central de Transplante), o ano de nascimento do receptor com 4 dígitos e o CPF do receptor.

Nesse momento o mais importante é a vida ou o alongamento dela. No meu caso específico para acessar a lista de transplante, os dados a serem digitados são os seguintes: RGCT: 368215-1560; ano de nascimento do receptor: 1946; e o CPF: 008.770.262-20. Outros estados, como exemplo São Paulo, a Secretaria de Saúde define formas mais rápidas e mais fáceis, para consulta à lista. Naquele estado a consulta à posição do paciente na fila de transplante de rim e feita através do aplicativo Poupatempo. Providência coerente para atender uma situação na qual o tempo de espera significa viver ou morrer.

A grande maioria, ou a totalidade dos pacientes que estão na fila de transplante de rim também estão em diálise ou hemodiálise. Todos os pacientes do Amapá estão em hemodiálise. A diálise, faz parte daquele conjunto de coisas e serviços que o Amapá “já teve”.

Em 2023, foram realizados 6.198 transplantes de rim. No primeiro semestre de 2024, foram realizados 14.352 transplantes, aguarda-se a divulgação da totalidade de transplantes de rim em 2024.

Segundo o RBT – Registro Brasileiro de Transplante, veículo oficial da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, Ano XXX, N.º 4,  o Estado do Amapá é o único estado brasileiro que não realizou um único transplante de rim em 2023, situação que deve permanecer para 2024. A publicação do RBT refere-se a 2023 e vem com o título “Dimensionamento dos Transplantes no Brasil em cada estado (2016 a 2023).

A doação e alocação de órgãos é um processo trabalhoso e delicado que depende da confiança da população no sistema e do comprometimento dos profissionais de saúde no diagnóstico de morte encefálica. O Brasil é o quarto país do mundo em número de transplantes renais e, para consolidar essa conquista, é crucial a atuação do Ministério da Saúde, dos governos estaduais, das entidades e profissionais de saúde em todo o processo de doação e transplantes.