Rodolfo Juarez
No começo de janeiro de 1999, os empresários do Estado do Amapá definiram como meta, desde naquele tempo, buscar apoio federal para a conclusão da construção da rodovia federal BR-156, considerada fundamental para o desenvolvimento econômico e social da população que sonhava com melhorias para todos. Se sabia, já naquele tempo, que a BR-156 era a rodovia com mais tempo de construção acumulado.
Para se ter uma ideia, a Rodovia BR-156, Macapá/Oiapoque, teve sua construção iniciada em julho de 1932, portanto, está às vésperas de completar 93 anos de que teve a construção iniciada. É a obra rodoviária, ainda não concluída em todo o Brasil, que tem mais tempo de construção.
Desde o tempo do Marechal Cândido Rondon, responsável pelo lançamento da diretriz inicial, com a abertura do caminho de serviço e a construção do trecho desde o quilômetro zero, em Macapá, até o Km 9, onde a obra parou até a retomada, em 1945, quando o Amapá já adquirira o foro de Território Federal, com Macapá sendo a Capital.
Desde 14 de dezembro de 1990, quando foi fundada a Federação das Indústrias do Estado do Amapá, havia dentro da FIEAP um movimento disposto a contribuir para que a obra da BR-156 destravasse, devido as frustrações acumuladas durante o governo Nova da Costa que, por várias vezes tentou avançar na construção da rodovia e não conseguia.
Annibal Barcellos (1991-1994) foi o primeiro governador eleito do Estado do Amapá, criado em 1988 e emancipado em 1991, com a posse do governador. Não avançou, tantos os recurso gastos com a preparação da estrutura administrativa do Estado, além disso, o presidente Fernando Collor fora forçada a renunciar depois de dois anos de mandato, assumindo a Presidência, Itamar Franco, vice-presidente, que assumiu o restante do mandato.
Em 1995 assumiu o Governo do Amapá João Capiberibe, que trazia para o seu governo um plano específico (Plano de Desenvolvimento Sustentável para o Amapá – PDSA) com forte vertente da preservação ambiental e que não priorizava a construção da rodovia. Quando João Capiberibe foi reeleito para continuar governando, por mais um mandato (1991/2002), então os empresários resolveram buscar outros apoios para a continuação da construção da BR-156.
Os senadores desse período pelo Amapá eram José Sarney e Gilvan Borges, pelo PMDB e Bala Rocha, pelo PDT, não afinavam com a política do governador Capi e, o principal deles, José Sarney, não tinha afinidades com o governador.
O Conselho de Representantes da Federação das Indústrias do Estado do Amapá, em dezembro de 1998, deliberou que fariam uma carta à Confederação Nacional da Indústria, solicitando apoio para a destinação de verbas objetivando a continuação da construção da BR-156.
Eu, Rodolfo dos Santos Juarez, estava na Presidência da FIEAP e os conselheiros do Conselho de Representante, o poder maior da Federação, estava constituído pelos presidentes dos respectivos sindicatos, os empresários: Joferson Costa de Araújo e Silva (madeira e artefato de madeira), José dos Santos (alimentos, panificação e confeitara), Leônidas Cardoso Platon (construção civil), Izaias Matias Antunes (cimento, barro e cerâmica), José Góes de Almeida (mobiliário) e Walter Sampaio Cantuária (produtos gráficos).
O ofício elaborado a sete mãos, recebeu a data de 11 de janeiro de 1999 e destacava como assunto principal e único “A BR-156 E SUA IMPORTÂNCIA COMO INSTRUMENTO PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL, NACIONAL E INTERNACIONAL”
O ofício recebeu o número 002/99-GABIN, e dirigida ao senador Fernando Luiz Gonçalves Bezerra, presidente da Confederação Nacional da Indústria – CNI e referia-se à solicitação de apoio. Estava dividida em seis tópicos: introdução, histórico, situação atual da rodovia, importância e solicitação de apoio.
Com a carta envelopada, saímos de Macapá, o presidente e os seis conselheiros, com destino a Brasília, com o objetivo de entregar, pessoalmente, a solicitação ao presidente da CNI.
As passagens, adquiridas na TAM (ainda era apenas TAM), marcavam a saída de Macapá, com escalas em Belém e Carajás, com chegada em Brasília.
O problema aconteceu quando da aproximação no Aeroporto em Carajás, que fica no município de Parauapebas, no Pará. Um pássaro bateu e entrou no bico do avião. Os pilotos tiveram a habilidade suficiente para manobrar o avião e fazer um pouso em segurança e sem atropelos, a não ser a tensão dos passageiros. O avião estava com todos os assentos ocupados.
Pernoitamos e ficamos mais dois dias em Carajás, até a chegada de um bico novo para o avião. Chegamos a Brasília na quarta-feira à noite.
O oficio com o pedido foi entregue na quinta-feira pela manhã, na sede da Confederação Nacional da Indústria, para o presidente, o senador Fernando Bezerra.
No dia 19 de janeiro, pelo ofício n.º 027/99-GPB, dirigido ao presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amapá – Fieap, com informações de que, devido o Programa de Ajuste Fiscal havia procedido profundos cortes no Orçamento, inclusive nos recursos para o Projeto Brasil em Ação, onde estavam os recursos para a Rodovia BR-156.
Resultado: não alcançamos os objetivos pretendidos, que era destinar recursos para a construção da BR-156 e quase viramos estatística devido à presença de pássaros nos aeroportos brasileiros, problema que persiste até hoje.
Enquanto isso, a BR-156 continua em obra, mesmo já se passando 35 anos desde o registro da ocorrência.