Rodolfo Juarez
Transcorria o ano de 1982, já no seu final, dia 8 de dezembro, Dia de Nossa Senhora da Conceição, feriado como ontem.
Aproveitava o feriado para acompanhar o time do Amapá Clube para um treino no Campo do Guarany Atletico Clube, na área em que está, hoje, construído o prédio do Centro de Ensino Superior do Amapá (CEAP), uma instituição de ensino superior privada.
Chegando lá, mesmo com todos os jogadores do clube presentes, resolvi entrar na brincadeira e participar dos exercícios e, logo depois, do treino com bola. O Cabo Roque era um treinador estreante, uma vez que vinha substituindo a sua condição de atleta do Esporte Clube Macapá, pela condição de treinador de time de futebol.
Depois do aquecimento, o treino já corria normalmente, se aproximava da hora 17, eu em campo, naquela altura com 36 anos completados em maio, ainda com muito vigor físico e até preparo, mostrava muita disposição.
Em uma das jogadas a bola saiu para a lateral, pela linha marcada (sim tinha marcação de linha de limite do campo), e que hoje, como antes, era a linha de lateral do lado Sul do campo. Eu, aproveitando minha disposição, sai no rumo onde a bola tinha saído, Esqueci, completamente, de que havia uma cerca de arame farpado servindo de limite do terreno (toda a área, naquela época, era desabitada e desocupada).
Pois bem, dei de cabeça, cara, peito e perna nas linhas de arame farpado. Senti que sai, completamente do chão e, pela reação das linhas de arame farpado, voltei completamente na horizontal e cai de costas, batendo, violentamente a cabeça no terreno duro, como até hoje é, daquela área completamente plana. Desmaie e, em consequência, “apaguei” completamente.
Me contaram depois que o treino parou, o Cabo Roque me levou para o quartel do exército ali perto, onde ele era, naquele tempo, um conceituado cabo, onde recebi os primeiros atendimentos.
Recobrei os sentido, não sei precisar quanto tempo depois, e fui levado, pelos atletas, até em casa. Naquela época eu morava na Avenida Antônio Coelho de Carvalho, esquina com a General Rondon. A minha chegada em casa, com todas as marcas do meu descuido e logo passei a ser atendida pela minha esposa e o as outras pessoas de casa ou da vizinhança que vieram saber o que havia acontecido.
Foi naquele momento que constatei que havia escapado de ficar cego dos dois olhos. O arame farpado havia rebentado com meu queixo, a ponta do meu nariz e um pouquinho acima das sobrancelhas. Atribui isso a uma providência milagrosa de Nossa Senhora da Conceição, santa a quem sou agradecido até hoje pela foram, inexplicável, como defendeu meus olhos.
Eu sou do Afuá e, dos 6 aos 13 anos, morei na sede do Município, período em que fui batizado e crismado e passei a ser sacristão (assim era chamado) ajudando o padre Antônio (esse era o nome do único padre do Município) durante muitas missas.
Nossa Senhora da Conceição é a Padroeira do Afuá.
Esse foi o motivo pelo qual abdiquei, em homenagem à Santa milagrosa, de qualquer atividade laboral no dia 8 de maio, Dia da Imaculada Nossa Senhora da Conceição e, por isso, há 43 anos, tenho respeito infinito pelo livramento que recebi.