Rodolfo Juarez
Algumas importantes questões, aquelas que influem diretamente no dia a dia de grande parte da população, principalmente aquela parte que tem mais dificuldades para ver suprida as suas necessidades e daqueles por quais tem responsabilidade direta de fazê-lo, como é o caso daqueles que se deslocam de distantes bairros da cidade para enfrentar filas, ao relento e, por isso, sujeitos ao sol ou a chuva, nas laterais dos bancos, sem qualquer proteção contra a intempérie da vez.
Os bancos públicos, exatamente aqueles entes que deveriam zelar pelos seus clientes e, no caso específico, também proprietários do banco que tem a preferência para receber o dinheiro dos contribuintes, guardá-lo em segurança, manter o seu valor de compra e, quando possível, render o suficiente para pagar funcionários do próprio banco, gerentes e presidente da instituição bancária.
Mas são eles, os que mais precisam e que menos condições têm para se deslocar com o objetivo de receber a ajuda, na forma de bolsa, financiada pelos tributos que os contribuintes pagam a cada colherada no feijão com arroz que comem, ou da calabresa, da linguiça, da ossada ou da carne ou peixe em conserva e, até mesmo, do chibé de farinha d’água, que têm que vir para ficar ao lado do banco, em uma situação ambiental reconhecidamente humilhante e hostil.
Dentro do prédio, do outro lado da parede, estão os funcionários e gerentes, em um ambiente com ar-condicionado, com direito aos intervalos regulamentares para descansar a mente, alimentar-se e, quando considerada restaurada as suas condições, outra vez sentar-se e chamar “a próxima senha”.
A Caixa Econômica Federal, que tem o slogan “banco do povo”, é a que mais desafia as autoridades e, principalmente, aquelas pessoas responsáveis por defender o direito do consumidor dos maus serviços que são prestados a esse consumidor. Mesmo assim, os dirigentes da CAIXA, não se tocam e ainda se consideram “os donos da situação”, não aceitando reclamação daqueles que estão do lado de fora da agência bancária, sob sol escaldante ou debaixo de chuva torrencial.
A prefeitura do município, “dona” da cidade, ou pelo menos a responsável direta por não permitir maus tratos à população, se considera, ao que parece, impotente para intervir e mudar a situação a que é obrigada submeter-se a população.
Os vereadores, alguns com atendimento preferencial, não consegue enxergar os seus eleitores nas filas e nem percebem que a responsabilidade pelo que deixa pra lá, também é dele, como agente público escolhido para zelar pelos interesses de cada cidadão do município.
Os próprios gestores da Caixa dão a impressão que não olham para o lado de fora da agência, ficam míopes, pouco ligando para as pessoas que estão na fila, algumas com filho no colo, humilhadas e cansadas, para receber o que lhe foi prometido pelo governo e suprido com o que o próprio governo arrecada, inclusive daqueles que estão ali, na fila, esperando a sua vez.
Que tal disponibilizar um espaço digno aos clientes que, mesmo sem querer, estão se vendo forçado a ficar como ficam, humilhados, desrespeitados e, até sem saber, agradecendo sem saber o quê.