Rodolfo Juarez
Hoje, 5 de setembro, Dia da Raça, nos remete aos tempos de grande participação sociopolítica dos estudantes amapaenses do então Território Federal do Amapá, muito embora boa parte desse período tenha sido contado em tempos da ditadura militar, entre 1964 e 1988.
O dia 5 de setembro representava a abertura da Semana da Pátria que começa com o Dia da Raça (5 de setembro), continuava com o Dia da Pátria (7 de setembro) e culminava com o Dia de Criação do Território (13 de setembro).
A grande e especial participação dos diversos educandários, como o Colégio Amapaense, o Instituto de Educação, o Ginásio de Macapá, a Escola Gabriel de Almeida Café e outros de igual relevância vinham para a Avenida FAB, apresentar o que tinham preparado para o desfile do dia 13 de setembro, não só com relação às referências escolares, mas também para o posicionamento técnico, científico e político, este com especial referência à emancipação política administrativa da Unidade Federal, o que viria com a promulgação da Constituição Federal de 1988.
O Dia da Raça, hoje lembrada, foi idealizado pelo ministro espanhol Faustino Rodrigues-San Pedro. Em 2014 essa data foi comemorada como Festa da Raça Espanhola e, em 2015, foi usada pela primeira vez o termo Dia da Raça.
A ideia dessa comemoração era exaltar uma raça comum criada entre os conquistadores espanhóis e os nativos americanos, produto dos trabalhos civilizadores dos europeus; além disso, buscava favorecer as relações diplomáticas entre as nações americanas e a Espanha.
O Dia da Raça chegou a ser festejado, em países latino-americanos, no dia da descoberta da América por parte de navegantes espanhóis que ocorreu em 12 de outubro de 1492.
A aqui no Amapá foi integrado à Semana da Pátria, abrindo as comemorações da Independência do Brasil (7 de setembro) e da criação do Território Federal do Amapá (13 de setembro).
Cabia aos estudantes amapaenses transformarem esta semana de tempo quente em algo festivo e que levava milhares de estudantes, com os seus uniformes de gala, para a avenida, em uma disputa sadia e construtiva do patriotismo de respeito aos professores, à família e às autoridades, sem destas se tornar ou se mostrar dependentes e com as obrigações que não servem de exemplo para o momento amapaense.
Como regra, no dia 5 de setembro, as escolas infantis levavam para a avenida as crianças das diversas escolas públicas e particulares, para mostrar o civismo infantil; no dia 7 de setembro, os militares, inclusive do Exercito Brasileiro, iam para a avenida mostrar o compromisso assumindo com a Pátria; no dia 13 de setembro, os grandes colégios iam para a avenida mostrar, em um desfile temático, como viam a escola em que estudavam e, também, para mostrar a forma como interpretavam o momento político brasileiro e, principalmente do Território Federal do Amapá, suas avaliações e o que gostariam de viver no futuro próximo.
A requisição mais comum feita durantes os desfiles do dia 13 de setembro, fora com relação a área que gerenciava a educação local e os alunos. No trato social, o mais comum era o pedido de transformação do Território Federal do Amapá em Estado.
O Dia da Raça perdeu a importância ao longo do tempo e hoje pouco se fala tanto no Dia da Raça, como na Semana da Pátria. Esse comportamento gera, ao ver de muitos, perda da oportunidade de acionar o gatilho do amor ao Brasil e pelo Amapá.
As forças sociais que se instalaram parecem estar mais preocupadas com as suas identificações, pouco importando se terão ou não suficiente força para contribuir com o desenvolvimento sociopolítico e econômico do Estado do Amapá e do Brasil.