Rodolfo Juarez
O vai e vem do Natal é espetacular. As pessoas realmente acreditam que é um dia diferente e fazem-no ser um dia diferente, não obstante as dificuldades de cada um e a suficiente informação de que não está sendo conduzido, da forma como foi imaginada, os interesses da população.
As compras e os presentes ganham importância, espaço e funcionam como o grande desafio da capacidade de pagamento de cada pessoa ou de cada família. Neste dia até mesmo os preços têm relevância relativa, deixam de ser o desafio para ser um instrumento de comparação.
Para os amapaenses o Natal está mostrando um consumidor mais cauteloso, procurando ser consciente e construindo proteção que lhe dê um mínimo de segurança nos dias que seguirão ao do Natal, desconfiando de condições oferecidas para aumentar a sua alegria no dia da compra, mas diminuir a felicidade nos dias e meses seguintes.
Mais gente nas lojas, mais compras sendo fechadas e algumas dificuldades sendo “plantadas” sob a forma de dívida para os meses seguintes sem a certeza de que vai ter condições de pagar no prazo que acordou.
Precisando renovar os estoques, uma vez que estoque velho é problema certo para o comerciante, o consumidor aceita produtos não tão modernos e nem tanto úteis por causa do preço, mesmo sabendo que o uso é efêmero ou que, como se trata de um presente, vale a máxima de que “cavalo dado não se olha dos dentes”.
Este ano trouxe o Dia do Natal em uma segunda-feira, aumentando o período de compras e deixando a semana toda aumentada do domingo, como desafio à resistência do consumidor para dar o presente e deixar o outro feliz, nem que fosse por pouco tempo.
Além disso, tem a culinária de época. Aquela que é a preferida da família e que aproveita o período para fazer as receitas que já não usa por causa do preço dos ingredientes ou dos temperos. Ver os membros da família falando alto e abraçando-se é o imponderável que não precisa de esforço para ser justificado.
Também as histórias de família, tantas e surpreendentes, que passam a ser uma atualização do que aconteceu nos últimos meses, ou anos. Os bebês são apresentados para os outros da família, que ficam encarregados de comparar se parece com a mãe ou com o pai e, os maioreszinhos para saber se as preferências já mudaram, se a voz já está grossa e para dar provas de que realmente cresceu nos últimos meses ou anos.
“Amigo oculto”, gritaria e troca de presentes não faltam nesse momento que antecede os apertos dos primeiros meses do ano.
O valor da subjetividade dos encontros não é computado como ganho ou custo para muitos, entretanto é o que fica gravado na mente das pessoas: um abraço, um jeito que vira jeitinho, uma bênção de pai, tia, tio, padrinho entra para a lista invisível da mente, garantindo que, mesmo na lembrança o diferente estará com os dois, ou mais de dois que se confraternizaram.
O Natal é um momento especial onde os distantes se aproximam e os próximos se unem para fazer valer a verdadeira confraternização. Isolar-se não é bom, principalmente durante a noite, quando o clima de festa impregna a alma das pessoas e garante lembranças que valem a pena viver.