O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, destacou nesta quinta-feira, 31, que o déficit primário de R$ 108,258 bilhões no setor público consolidado em 2018 ficou bastante inferior à meta de R$ 161,3 bilhões do ano passado. Ainda assim, ele lembrou que 2018 foi o quinto ano seguido de rombo nas contas públicas.
“Há uma trajetória de redução dos déficits primários, mas, se o objetivo é reduzir o endividamento, ainda há um grande caminho a ser percorrido para que os resultados se transformem em superávits e para que esses saldos positivos tenham a magnitude necessária para colocarem a dívida de um sentido de redução”, avaliou.
Rocha apontou ainda que o déficit de R$ 195,197 bilhões nas contas da Previdência Social em 2018 foi o pior da série histórica. Em 2017, o saldo negativo do INSS havia ficado em R$ 182,442 bilhões.

Explicações
O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central avaliou que houve um aumento no déficit primário do setor público consolidado em dezembro, decorrente do resultado do Governo Central. O déficit do setor público no mês passado ficou em R$ 41,133 bilhões, ante R$ 15,602 bilhões no último mês de 2017.
“Não obstante a redução do déficit primário no ano, houve um aumento do saldo negativo em dezembro. O principal fator responsável por isso foram as receitas de concessões que aconteceram em dezembro de 2017 e não se repetiram no mês passado”, explicou ele.
Sobre conta de juros de dezembro, Rocha apontou que houve uma redução em relação tanto a novembro quanto a dezembro de 2017. A conta de juros no mês passado ficou em R$ 26,909 bilhões. “Provavelmente houve um resultado mais significativo de swaps. Essa variação de R$ 8 bilhões de novembro para dezembro decorre de uma perda com swaps maior em novembro, equivalente a R$ 7,8 bilhões de diferença no mês”, afirmou. “Em novembro, a perda com swaps foi de R$ 9,3 bilhões, e em dezembro, de apenas R$ 1,5 bilhão”, completou.

Juros nominais
O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central avaliou que a redução da conta de juros nominais pagos em 2018 foi causada pela queda da taxa Selic acumulada no ano.
O setor público consolidado teve gasto de R$ 379,184 bilhões com o pagamento de juros em 2018, o que equivale a 5,52% do Produto Interno Bruto (PIB). O resultado, divulgado pelo Banco Central, representa o menor montante pago desde 2014 (R$ 311,380 bilhões).
“Embora o estoque da dívida tenha aumentado, o pagamento de juros caiu com a Selic menor”, afirmou Rocha. “Em 2018, como houve desvalorização cambial de 17,1%, houve perda de R$ 15 bilhões com swaps. Se excluirmos swaps da conta de juros, haveria uma queda de R$ 43,7 bilhões no pagamento de juros em relação a 2017”, acrescentou.