Sete dos nove governadores da região se reuniram em Palmas na sexta-feira. Eles participaram de evento sobre desenvolvimento sustentável.
Os governadores dos estados que compõem a Amazônia Legal – que compreende todos os da região norte e também o Maranhão e o Mato Grosso – estiveram reunidos na sexta-feira, dia 2 de agosto, em Palmas para discutir desenvolvimento sustentável.
Flávio Dino criticou a forma como o presidente da República questionou os dados. “Então é claro que tudo pode ser questionado, porém de modo embasado. Nós não podemos pegar um dado científico e questionar apenas ideologicamente”, disse ele.
Já Helder Barbalho disse que o monitoramento realizado pelos próprios estados também identificou o crescimento na área desmatada. “É importante registrar, até para que não se haja de maneira desleal, de que não é algo que tenha se iniciado neste governo, mas fato é que os últimos meses demonstram um avanço considerável acima da média dos últimos anos. E isto reforça-se pela medição dos estados”, disse ele.
Para o governador do Tocantins, Mauro Carlesse (PHS), é necessário repensar como os fundos de preservação do meio ambiente são administrados. “Foi feita uma carta de interdição de todos os estados em relação ao meio ambiente, em relação aos fundos, e isto é muito importante. Que estes fundos têm que ficar na nossa região para que este fundo não vá, por exemplo, para o BNDES. Que fique no fundo do Amazonas, no banco do Amazonas”, disse ele.
O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), ressaltou que a preservação precisa vir acompanhada de desenvolvimento. “A preservação do meio ambiente, disso daí a gente não abre mão, entendo que a legislação ambiental precisa ser respeitada, mas que o nosso povo precisa de desenvolvimento”, disse ele.
Todos os governadores presentes assinaram a “Carta de Palmas”, onde, entre outros temas, manifestam preocupação com o aumento do desmatamento e a destaca a relevância do Fundo Amazônia, bancado quase integralmente por doações da Noruega e da Alemanha.
“Os governadores manifestam firmemente a preocupação com o avanço do desmatamento ilegal na Amazônia Legal e ratificam o compromisso institucional de buscar mecanismos reais que garantam o desenvolvimento sustentável da região”, diz o documento.
Polêmicas no INPE
O evento em Palmas foi horas antes da exoneração do diretor do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (INPE), Ricardo Magnus Osório Galvão. O anúncio de que ele deixaria o governo foi feito após reunião dele com o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, em Brasília.
A publicação de dados do INPE que mostraram aumento no desmatamento na Amazônia brasileira neste ano deu origem às tensões entre o presidente Jair Bolsonaro e Galvão. Vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, o INPE faz o monitoramento da Amazônia desde 1988.
Após dados do sistema, que são atualizados com periodicidade quase diária e estão disponíveis para consulta pública, mostraram aumento de 88% no desmatamento na Amazônia em junho de 2019, em relação a junho de 2018, Bolsonaro criticou a divulgação das estatísticas do Inpe que, segundo ele, dificultariam as negociações comerciais conduzidas pelo governo brasileiro com outros países.
Crise dos refugiados
Na oportunidade, o governador de Roraima, Antonio Denarium (PSL), falou sobre a situação dos refugiados venezuelanos e fez um apelo para que outros estados também recebam parte dos imigrantes. “É muito importante que os estados da Amazônia e do centro sul também acolham venezuelanos. Eles estão entrando no Brasil como refugiados e pelas normas internacionais, um país não pode negar a entrada de refugiados”, comentou.
Ele pediu ajuda do Governo Federal para administrar a crise. “Nós saímos de uma taxa de desemprego de 8% para mais de 20%. Talvez seja a maior do Brasil. E também hoje nós temos em torno de 50% da população junto com os venezuelanos vivendo na linha da pobreza. Então é uma ação muito importante do envolvimento do Governo Federal para auxiliar o estado de Roraima na migração venezuelana”.
O evento
Os governadores se reuniram para a 18ª edição do Fórum de Governadores da Amazônia Legal. A ideia do evento é debater o papel, a importância e as oportunidades para o desenvolvimento sustentável da região.
Foi elaborada a ‘Carta de Palmas’, com quatro eixos de desenvolvimento para o planejamento das ações no período 2019-2030.
Os projetos que serão prioritários devem constar em um relatório anexo à carta que ainda não foi divulgado. Câmaras setoriais também discutiram políticas de saúde e segurança pública que podem ser integradas na região.
Estiveram presentes no evento os governadores do Pará, Mato Grosso, Amapá, Amazonas, Roraima, Maranhão, e representantes dos governos de Rondônia e Acre.