Rodolfo Juarez
Hoje, dia 28 de abril de 2020, minha mãe, Raimunda Juarez, completa 92 anos de idade. É o natural centro das atenções de toda a família e, neste dia, recebe os parabéns dos filhos, netos, bisnetos, noras, genros, amigas e amigos.
Raimunda Juarez, que tem Pureza no seu nome, também tem pureza no seu coração. Uma pessoa que vive cada dia orientando, dando exemplos e se comportando como a maior guerreira da família, em qualquer aspecto que se avalie.
Preocupa-se com todos. Quer sempre ver todos alegres, o que convenhamos, com tanta gente ao redor, precisa de muita compreensão para entender cada um.
Compreende perfeitamente que a vida impõe seus limites em cada período: uns mais exigentes, outros nem tanto, mas a minha mãe até agora soube lidar com cada um e, ainda, sugere soluções para aqueles que precisam de mais luz no seu roteiro.
Sente muita falta do filho que já foi para o outro plano e, mesmo com o esforço dos outros onze que estão próximos, sempre reserva, em suas orações, espaço para pedir proteção e, na medida do possível, dar proteção para todos os que estão sob sua visão, permitindo a cada um, entretanto, ter a sua independência.
Os amigos de minha mãe, os amigos dos descendentes dela e todos os demais olharão para aquela senhora e verão a força que ela tem para avançar, linda e maravilhosa, na direção de cada um e de todos. Ela faz questão de viver intensamente o momento, querendo estar disposta para ser alegre e curtir a felicidade.
Jamais deixou escapar das lembranças do seu esposo, desde quando ele deixou esse plano há 47 anos, e do filho que mimou, e mima em pensamento, por todo tempo.
Mesmo nestes momentos há o esforço de cada um, familiares e amigos, para manter o astral, e possibilitar que ela mantenha a superação que garante que tem desde o momento da separação definitiva.
Minha mãe é forte, alegre, vencedora de todas as corridas que a vida lhe impôs. Em todas as chegadas, se mostra disposta a continuar avançando em percursos novos, convicta de que tudo o que faz, faz certo. Afinal de contas, só faz o que tem que fazer, e certo porque sabe que precisa manter a qualidade, garantir a atenção, comandar a todos e dizer o que é e o que não é para fazer.
Essa mulher vinda das entranhas da floresta tem a bravura de cada um daqueles verdadeiros pioneiros ribeirinhos, verdadeiros defensores do ambiente amazônico preservado e intacto, sem deixar de tomar o açaí, comer o peixe de rio, apreciar o camarão regional e dar preferência pela farinha grossa da mandioca.
Sempre criativa criava patos e paturis, aproveitando as águas dos igarapés.
Mesmo as cutias, as pacas, os tatus, os jabutis, como também os papagaios, os maracanãs e os periquitos, tinham a oportuna proteção da minha mãe. Não falava bem dos japiins, mas gostava de ver os ninhos deles, às centenas, nas seringueiras das proximidades de casa.
Minha mãe é esse mundo equilibrado ambientalmente, impossível de ser completamente descrito, mas certamente iluminado pelo amor que tem por cada um dos seus.
Nossa alegria é muito grande por estarmos com Dona Raimunda, nossa mãe, avó, bisavó, amiga e companheira que sabe que a vida é cheia de desafios, e que cada um deles precisa ser encarado para ser vencido, um de cada vez.
Parabéns, minha mãe!
Todos nós te amamos!