Lideranças femininas do maior habitacional do estado, Macapaba, localizado na zona norte de Macapá, venceram no último domingo, 21, a eleição para a associação de moradores do conjunto, num processo eleitoral marcado pela luta contra o machismo e com a tentativas de influência política no processo eleitoral, segundo as próprias diretoras eleitas.
Composta só por mulheres, líderes no fervoroso movimento popular que atua dentro do conjunto, a chapa 77 vai comandar políticas comunitárias num conjunto com mais de 20 mil moradores. E uma das primeiras ações é traçar um planejamento para desenvolver projetos voltados para o desenvolvimento humano, cultural e econômico da mulher.
Segundo levantamento feito pela associação de moradores, cerca de oitenta por cento das famílias que residem nas 4.366 moradias são chefiadas por mulheres. Talvez tenha sido essa realidade que levou um dos moradores do habitacional, e já identificado pela associação, a disparar preconceitos e frases machistas num grupo de whatsapp durante o processo eleitoral.
“Gamela pra elas”, escreveu o morador completando em seguida com frase: “Mulheres guerreiras boas de lavarem roupas”. As postagens chocaram as mulheres e reacendeu as discussões sobre comportamento machista na atualidade. “Isso é uma violência contra todos nós. Nunca pensei que em pleno século 21 fôssemos passar por isso”, disse Alice Santos, uma das diretoras eleitas.
“Isso nos deu mais força para lutarmos porque o lugar de mulher é onde ela quiser”, reafirmou Alexsandra Pereira, eleita presidente com mais de 45% dos votos e a primeira mulher a comandar a associação. “Fomos pra rua envolver todos os moradores e unir as lideranças” disse ela, lembrando ter sido essa motivação que garantiu a vitória, inclusive contra, segundo ela, grupos apoiados pelo prefeito Antônio Furlan e a secretária Patricia Ferraz.
Alexsandra recebeu a reportagem do Aqui Amapá na sede da associação que funciona no próprio apartamento onde morava com o marido, Ermerson Pereira. Ela estava acompanhada das outras companheiras de chapas Maria de Nazaré, Graciete Abreu, Catia Benjamim, Elaine Oliveira, Ezilma Gullar, Rosiane e Ricely Borboleta.
“Somos pais e mães aqui no Macapaba, e vamos criar projetos para essas mães que não tem com quem deixar seus filhos quando saem para trabalhar. Temos o sonho de um novo caminhar para essas mulheres, muitas delas vítimas de violência doméstica e dependentes economicamente desses homens. Pretendemos criar projetos de capacitação e acolhimento para as mulheres”, concluiu a presidente.