O tema que não pode mais ser ignorado por empresas, governos, pessoas e quaisquer outras instituições no Brasil.
A proteção aos dados pessoais inclui desde nome e número de telefone até nossos dados de navegação e padrões de consumo.
Em agosto de 2018 foi aprovada no Brasil a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD – Lei 13.709, de 14 de agosto de 2018).
O impacto dessa nova legislação é enorme e afeta toda e qualquer empresa que trabalha com dados, em pequena ou larga escala.
Sobre a importância dos dados pessoais tem uma frase que ficou famosa e é sempre repetida: “os dados pessoais são o novo petróleo”. Essa comparação indica como os dados pessoais ou as informações que são coletadas sobre nós consumidores e usuários da internet, tornaram-se valiosas.
Esses dados movimentam boa parte da economia digital. Vale lembrar que muitos serviços da internet que são aparentemente “gratuitos” na verdade são pagos com nossos dados. E da mesma forma como o petróleo, dados pessoais podem vazar e quando isso acontece, pode causar danos muitas vezes irreversíveis, que lembram mesmo os desastres ambientais.
Há outra frase que sintetiza bem o momento: “Seus dados pessoais são você!”. Os dados pessoais são verdadeiros avatares com relação a tudo que acontece conosco no mundo digital, ou seja, os dados pessoais são a representação de que nós somos. Através deles nossa vida é decidida em múltiplas esferas: se teremos acesso a crédito, a um seguro, qual tipo de propaganda ou conteúdo.
A importância do tema cresce a cada momento. Ainda mais em uma época em que governos do mundo inteiro estão progressivamente se convertendo em plataformas tecnológicas. É cada vez mais confiável a assertiva de que governo que não se digitalizar deixará de ser governo.
Todo governo vai precisar usar cada vez mais a tecnologia para conseguir governar em um mundo cada vez mais digital. E o instrumento para fazer isso será, de novo, nossos dados.
Nesse contexto, tratar de ética e proteção a privacidade tornou-se assunto de primeira necessidade. A razão é simples, pois, estamos caminhando rápido para um ciclo ainda mais profundo de digitalização das nossas vidas. Nessa velocidade teremos em breve cada vez mais cidades com tecnologias inteligentes, que se conectam a serviços públicos essenciais, do transporte à segurança pública.
Do ponto de vista do setor privado teremos o digital ocupando cada vez mais espaço em nossas vidas. A inteligência artificial promete ser uma ferramenta importante para facilitar as tarefas do dia a dia, como mostram os assistentes de voz pessoais e os agentes inteligentes que hoje são capazes até de reservar uma mesa em um restaurante em nosso nome. Mas o preço para isso, de novo, é o compartilhamento de nossa intimidade de forma cada vez mais profunda com esses serviços.
Por isso, assegurar que os dados serão utilizados de forma ética, transparente e para finalidades que são benéficas para o usuário é medida fundamental. O Brasil deu um passo importante em 2018 ao aprovar sua Lei Geral de Proteção aos Dados Pessoais. Todas as empresas terão de se adaptar a ela.

No entanto, essa lei não deve ser vista como um custo, mas sim como uma oportunidade. Ela é o marco zero para a construção de uma nova relação de confiança em usuários e empresas. E no mundo que vivemos hoje, confiança é mercadoria que se torna cada vez mais escassa. Quem souber construir relações de confiança com seus clientes, fornecedores, parceiros e com a sociedade como um tudo, ocupará uma posição privilegiada, inclusive do ponto de vista de negócios e de promoção à inovação.