Está terminando o mês de maio e não faz tempo este mês era considerado o mês das flores, das debutantes, das noivas e de Maria. Não sei se as adolescentes já não debutam mais e se as pessoas esqueceram-se das flores. As noivas ainda gostam do mês de maio e Maria continua sendo referenciada com respeito e esperança.
Debutante é a palavra usada para designar a adolescente que completa seus quinze anos de idade. A palavra vem do francês débutante, que significa iniciante ou estreante. O baile de debutantes é um rito de passagem da infância para a adolescência ao qual as jovens são submetidas, geralmente sendo realizado quando as mesmas completam quinze anos.
O mês de setembro é reconhecido como o mês das flores, entretanto para nós, que moramos sob a influência da linha do equador esse detalhe fica mais para ser desenvolvido pela consciência do que pela Astronomia e, por isso, provavelmente, foi escolhido pelo amapaense de antes dos anos 2000, como o mês mais adequado para chamar de mês das flores.
Com relação ao mês de maio ser considerado o mês das noivas, ao longo dos séculos, esses elementos foram sendo associados à celebração do amor no casamento. Essa mesma ligação com as flores e a feminilidade fez com que maio, além de mês das noivas, também fosse considerado o mês das mães e de Maria.
Essas datas, não faz tempo, foram muito importantes para a sociedade amapaense. Os clubes, as associações e as famílias tinham uma programação especial para ser executada durante o mês de maio, sempre com grande glamour e presença de bandas ou cantores de sucesso que se constituíam em uma atração a mais para tornar o momento inesquecível para as debutantes, as noivas e as famílias.
Essa tradição foi abruptamente quebrada e, pelo que se observa, saiu completamente da rotina dos clubes, das associações e das famílias, provavelmente contribuindo para muitos dos problemas que hoje são enfrentados pelos pais que não sabem o que fazer nos quinze anos das filhas, trocando o baile por presentes ou viagens que separam os pais dos filhos num dos momentos mais importantes da vida de uma jovem.
Não sei se isso explica muitas das mazelas sociais que são enfrentadas todos os dias nas “bocas” de venda de droga, nas maternidades atendendo as jovens que engravidaram precocemente, além do distanciamento de membros de uma mesma família.
Voltar para fazer a mesma coisa justificando que esse comportamento social deu certo outrora, não aprece ser uma boa medida, mas é importante considerar a necessidade de se dispor de um momento que possa indicar a melhor forma de preencher a lacuna que foi aberta com a dispensa dessas homenagens à adolescente no momento em que a adolescente mais precisa.
A música eletrônica, as melodias sensuais, as letras com dupla interpretação não conseguiram melhorar a condição social das adolescentes que nem percebem que estão entrando na fase adulta sem qualquer preparação e imaginando que sabem tudo, e que estão perfeitamente conscientes e preparadas para enfrentar as questões do dia a dia longe dos olhares de seus primeiros instrutores, os pais.
Está muito claro que, pelo menos neste importante momento, a responsabilidade pelas “cabeçadas” das adolescentes é muito mais da família do que de qualquer outra organização ou entidade que possa ser apresentada como observadora e orientadora dessas jovens meninas que são estimuladas a saírem para enfrentar a vida sem a preparação que a vida requer.