Estou impressionado pela forma apática como as autoridades amapaenses reagem quando tomam conhecimento das divulgações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que mostram a sequência das dificuldades sociais que são refletidas na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNDA) na parte que é levantada no Estado do Amapá.
Dá a impressão que as pessoas que foram investidas de autoridade pública pela vontade do eleitor não valorizam os dados apresentados e que são apenas números que não precisam ser modificados e que essa modificação depende, em grande parte, das medidas corretivas que aquelas autoridades deveriam tomar.
Não tomando os problemas se enraízam e os resultados, infelizmente, são mostrados a cada divulgação da pesquisa.
Um exemplo é a taxa de desocupação referente ao primeiro trimestre de 2019 que foi de 20,2%, 0,6 ponto percentual acima do trimestre anterior (19,6%).
Os reflexos desses números estão nas ruas, nas calçadas, dentro das casas, em todo lugar, com muita gente desempregada e precisando encontrar uma forma de obter o seu próprio sustento. Enfrentar esse problema parece que não está entre os objetivos daqueles que definem a melhor maneira de gastar o dinheiro do Tesouro, que é o resultado do pagamento dos tributos pela população.
É preciso intervir na forma como a roda está girando. Não dá mais para cruzar os braços e não fazer nada além de reclamar da situação. A população amapaense elegeu um governo para gerenciar os seus interesse, mas parece que ele abdica dessa atribuição para se entrincheirar e esperar por um milagre vindo sabe lá de onde, sem agir ou intervir no modelo que está instalado e que só interessa àqueles que estão dentro dele.
Esperar pela equalização do atual pacto federativo é muito pouco, ou quase nada, como foi a repatriação que cobriu apenas o décimo terceiro do funcionalismo público. O Governo do Estado do Amapá precisa inovar no seu processo de gerência dos interesses da população, abrindo pelo menos um canal para o futuro, pois, assim, todos – governos e população – estão fadados a continuar sendo um dos estados com piores resultados comparativos nos limites do Brasil.
E não é só a taxa de desocupação que preocupa a população. No primeiro trimestre de 2019, o rendimento médio real de todos os trabalhos, habitualmente recebidos por mês, pelas pessoas de 14 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência (semana da pesquisa), com rendimento de trabalho, foi estimado em R$ 1.899,00. Este resultado representou estabilidade em relação ao trimestre imediatamente anterior que apurou o rendimento de trabalho em R$ 1.910,00.
O que preocupa é a queda em relação ao mesmo trimestre do ano anterior que apurou um rendimento médio de R$ 2.179,00 ou uma queda de 12,8% – o que equivale a uma diminuição da renda de R$ 280,00.
Colocando isso no mesmo “balde” da inflação a queda representa muito mais e está aumentando a diferença. Essa tendência precisa ser combatida. Não tem outra opção.
E quem está escalado, pela população, é o Governo do Amapá.
Há necessidade de intervir no processo que está degringolando de vez, deixando a população desnorteada, levando parte dela para o abismo inesperado e para o qual ninguém se preparou.
O Governo tem a obrigação de tomar a iniciativa para modificar a matriz econômica que está prejudicando a população do Estado. A situação é muito difícil para as famílias que estão vendo seus filhos saírem de casa, para outros centros, em busca de oportunidade. A situação por aqui está saturada completamente.
Questões como o tamanho do Estado e a ociosidade de setores importantes da Administração Estadual precisam ser enfrentadas para que haja esperança para esse povo que não se conforma com a situação.