Rodolfo Juarez
Desde o momento em que o governador do Estado informou aos representantes dos professores e das demais categorias, organizadas em sindicatos e associações, todas com os seus integrantes tendo vínculo de emprego com o Governo, que o “pingo d’água” que faltava foi colocado e o copo derramou, iniciando novos problemas para serem enfrentados pelo patrão e pelos próprios funcionários.
Afinal, são mais de 32 mil funcionários, dos quais um pouco mais de 11 mil são representados pelo sindicato dos servidores da Educação, constituídos por professores e outras categorias, com potencial para ser ouvido pela comunidade e trazer preocupação para aqueles que são responsáveis na qualidade de patrão.
A informação, estopim de toda essa história, aconteceu na reunião em que o governador e seus principais auxiliares do setor econômico e de recursos humanos anunciaram: a) que, este ano, não haveria alinhamento salarial tanto com relação à reposição de perdas inflacionárias, como relativas a ganho real; b) que continuaria o sistema de parcelamento de salários; e c) que a antecipação de parte do 13.º salário seria de apenas 30%, contrariando aqueles que esperavam antecipação de 50%.
A partir daí os professores decidiram por greve geral e o Governo por enfrentá-la através da Justiça.
Confirmada a greve dos professores, o Governo do Estado foi à Justiça e obteve em Decisão do Juízo de que a greve dos professores era ilegal com agravante de multa diária em caso de desobediência.
Mesmo com o sindicato recorrendo da Decisão do Juízo, a decisão foi mantida e a autorização de um bloqueio de R$ 1 milhão na conta do sindicato consumada, além do corte na folha de frequência dos considerados faltosos pelo Governo.
Seguiu a greve, desta feita depois de todos os trâmites previstos na legislação, mas com dois problemas: bloqueio na conta e cortes na folha de frequência, resultado: mais contenda e mais rusgas para serem administradas.
No dia 1.º de julho os professores passaram a gozar as férias regulamentares e, devido à greve, muitas escolas estaduais não cumpriram o calendário. Problema e incerteza para alunos e pais de alunos, ainda mais quando é divulgado que o desempenho dos alunos em Matemática no Amapá é o mais fraco do Brasil e que apenas 2,8% dos alunos amapaenses aprenderam tudo o que deveriam aprender, segundo o Movimento Todos pela Educação. Os dados são do Anuário Brasileiro da Educação 2019, que analisou levantamentos de 2017 do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).
Antes das férias os professores foram para frente do Palácio do Setentrião, sede do governo local, para dizer ao chefe do Executivo da sua insatisfação e ainda gritaram palavras de ordem, queimaram pneus, jogaram ovos nas paredes do Palácio e deixando sem aula pelo menos 60% de todo o sistema estadual de educação.
Resta agora incerteza para o reinício das aulas em agosto. Muitos alunos estão sem as notas referentes ao primeiro semestre de 2019, e pais de alunos na expectativa de que haja um entendimento entre o patrão e os empregados para que os prejuízos não avancem no tempo e o calendário escolar seja prejudicado – os alunos continuem apresentando resultados ruins como aqueles apurados para a Matemática.