Rodolfo Juarez
Está o canal da Mendonça Júnior recebendo, desde a semana passada, um tapume daqueles que indicam que a obra vai demorar muito.
Aliás que, mesmo já sendo isolado, ainda não estão colocadas as placas informativas e obrigatórias sobre os dados do contrato e, por isso, não se sabe o que ali vai ser feito, quando começa e quando termina, e quanto será investido para recuperar um bem público que estava pronto e que teve a sua superestrutura completamente destruída, pelo próprio poder público, há mais de cinco anos.
As árvores sacadas das laterais do canal, que já estavam adultas e começavam a prestar os seus serviços à população, atendendo aos que moram no local ou que passavam pelo local, desapareceram.
O mesmo aconteceu com a mureta que servia de guarda-corpo e as calçadas, com meio fio e linha d´água que tinham a função de contribuir com a drenagem das águas pluviais e/ou na contenção da maré de lançante.
Agora, quase 6 anos depois, sem qualquer indicação da prioridade que deveria receber a obra, outra vez está sendo feito o isolamento do canal e que acontece de forma tecnicamente inversa, começando pela parte mais próxima do rio na direção das cabeceiras do canal, dentro da cidade. Uma proposta executiva que não garante nada, mesmo se entendendo que se trata de um serviço prioritário.
Faz tempo que o canal da Avenida Mendonça Júnior virou um esgoto a céu aberto, com grande concentração da sujeira durante as horas de maré baixa. Basta chegar até a orla, ou perto dela, que já se sente o mau cheiro e indo até a mureta da orla se vê a água preta que sai do canal com todas as características físicas de água de esgoto, ocupando uma boa parte do trecho da praia localizada entre a Fortaleza de São José e o Trapiche Eliezer Levy.
O uso do canal, um dos mais importantes receptores das águas pluviais que caem no centro da cidade durante o inverno amazônico, no quadrilátero urbano formado pelas avenidas Mendonça Furtado e Feliciano Coelho; e a rua Odilardo Silva e a orla da cidade, precisa ser discutido com os moradores e comerciantes do quadrilátero para que seja evitada ligações de mais esgotos na rede de recepção das águas pluviais.
O canal da Avenida Mendonça Júnior precisa de serviços e não apenas de urbanização, mas também de definição da sua função de controle da lâmina d’água tanto quando das fortes chuvas, como quando das marés de lançante.
Então, além do trabalho de recuperação do erro anterior, ainda deve haver o trabalho dos moradores e empreendedores para que o resultado seja satisfatório; de outra forma, a melhoria anunciada será impossível de ser alcançada.
O rio Amazonas é muito grande em volume d’água, mas não suportará por todo o tempo a quantidade de esgoto que recebe.