Rodolfo Juarez

Venho há tempo destacando que a cidade de Macapá, ao completar 500 mil habitantes começaria a sentir os efeitos de seu tamanho.
As razões para esses avisos, feitos com fito absolutamente contributivo, são as experiências e os estudos que apontam os parâmetros mínimos que uma cidade com esse porte precisa ter e dispor para não ser virada de cabeça para baixo nos seus objetivos ou, pelo menos, naqueles objetivos pregados pelos seus governantes.
Depois de destacarmos os problemas primários no transporte coletivo urbano, extremamente prejudicado pelo uso e disponibilidade de apenas um modo de transporte, o ônibus, que empurra a população ao obrigatório do transporte individual, transformando o trânsito de Macapá em um dos mais atrapalhados das cidades brasileiras.
Agora mesmo, anteontem e ontem, o caos se instalou na cidade, primeiro pela falta de água no dia 17, e depois, no dia 18, pela falta de energia elétrica.
Há muito tempo que esses problemas poderiam estar eliminados do cardápio de problemas das autoridades da cidade, ainda mais pelo recente negócio feito, privatizando os serviços e repassando para empresas “experientes”, o que coloco entre aspas por já estar duvidando de sua capacidade ou do seu conhecimento com relação ao setor, principal indicador de que a distribuição de energia e água tratada iria melhorar.
Agora se entende por que a Eletronorte se negou a assumir a distribuição de energia. Conhecia o âmago do problema e, mesmo sem revelar, se absteve: primeiro assumir por decisão administrativa da Eletrobrás e, depois, por não se interessar pela licitação que culminou com a privatização das empresas de energia e água.
Os compradores já perceberam que o “buraco é mais embaixo” e que, no caso, não adiante apenas experiência ou competência para domar o sistema, precisa de muito trabalho para atingir índices que possam cultivar a satisfação dos consumidores.
É absolutamente inadmissível continuar, depois da privatização, com os problemas que remontam há mais de 10 anos, com incerteza no fornecimento, desconfiança na medição e, principalmente, não satisfazendo o consumidor que passa a ser um cliente insatisfeito e com direitos que podem ser cobrados da empresa.
Água tratada e Energia elétrica, Energia elétrica e Água tratada, dois direitos que a Constituição Federal incumbe o serviço público de oferecer à população de forma satisfatória e a preço justo.
O Estado do Amapá gera mais de um milhão de MW para o sistema nacional e consome 300 MW, mesmo assim, é o estado que tem a população que paga uma das energias mais caras do Brasil.
Por outro lado Macapá, a capital do Amapá, está às margens do maior rio do Mundo em volume d’água e, nem por isso, oferece água mais barata para a população da cidade de Macapá, além de não atender a metade da população.
Um bom debate poderia encaminhar os que têm responsabilidade para resolver essas questões.