Rodolfo Juarez
Nasci no ano de 1946, exatamente em um dos anos que deveria ter Copa do Mundo e que não teve. Foram apenas (ainda bem) duas copas que não foram realizadas, a segunda exatamente no ano que nasci. Antes já haviam sido realizadas três competições mundiais em 1930, 1934 e 1938.
Depois, em 1950, quando eu tinha 4 anos, houve a primeira Copa pós-guerra e logo no Brasil, com a seleção nacional favorita para a conquista que não veio, perdendo a final para a seleção do Uruguai, por dois a um. Não lembro nada disso, mas vir a saber de quase tudo pelas histórias contadas que, infelizmente, não se limitou ao esporte, aliás, passou longe disto.
Os noventa minutos do jogo final não ficaram nos noventa minutos, se estenderam por longos anos e, para alguns dos atletas, pelo resto da vida deles, uma das maiores injustiças humanas perpetradas a partir do esporte.
O 5.º lugar da seleção brasileira na Copa de 1954, vencida pela Alemanha, fez renascer as mágoas de 1950, mas do que 1954. Já com 8 anos começava a entender a disputa, lendo as revistas, principalmente a Revista do Esporte e O Cruzeiro.
Em 1958 o primeiro título, a primeira festa, o nascimento do principal jogador brasileiro para o torcedor brasileiro – Pelé, artilheiro brasileiro com 6 gols, o mais novo jogador a fazer um gol em uma Copa, que deixou os donos da Casa, a Suécia, perplexa quando tomou de 5 x 2 na final, depois de ter saído em vantagem, fazendo 1 x 0. Eu com 12 anos, morando na cidade do Afuá, já entendia e me apresentava como torcedor e um dos que ficou feliz com o resultado na Suécia e com o título ganho na Europa.
O bis de 1962, desta feita contra a seleção da Checoslováquia e sem Pelé, consolidou a confiança, mas não fez com que os torcedores de 50 esquecessem o tal maracanaço. Eu fiquei muito feliz com meus 16 anos, estudando no Colégio Amapaense, e já entendendo de ser torcedor mesmo.
A pior participação do Brasil no pós-guerra foi em 1966, quando a Inglaterra foi a vencedora e o Brasil saiu na primeira fase, ficando em 11.º lugar, com 16 participantes. Com 20 anos, não obstante o Regime Militar, eu era um torcedor pronto, entendendo e acompanhado tudo e, portanto, nessa copa, não gostando de nada. Acompanhei o endeusamento do jogador português Eusébio.
A seleção de 70 encheu de alegria o eu-torcedor, então no 3.º ano do Colégio Amapaense, já me preparando para o vestibular da Escola de Engenharia da UFPA. O Brasil venceu, mereceu e convenceu, inclusive a mim.
A Copa de 74 a Alemanha venceu (Brasil em 4.º); 78 a Argentina (Brasil em 3.º); 82 a Itália (Brasil em 5.º); em 86 Argentina (Brasil em 5.º); em 90 a Alemanha (Brasil em 9.º); em 94 o Brasil voltou a vencer; em 98 deu França (o Brasil perdeu a final); em 2002 volta a dar Brasil; em 2006 deu Itália (Brasil foi 5.º lugar); em 2010 deu Espanha (o Brasil ficou em 6.º lugar); em 2014 deu Argentina (o Brasil em 4.º lugar e a marca dos 7 x 1 contra a Alemanha); em 2018 deu França (o Brasil ficou em 6.º lugar).
Então esta é a minha décima nona Copa do Mundo, uma das mais imprevisíveis competições e, mais uma vez, não sei quem vai ser campeão. A torcida é sempre para que o Brasil vença, mas com tanto time bom…