Rodolfo Juarez

As eleições de 2022 não terminaram com a apuração dos votos coletados no 30 de outubro.
O resultado apertado despertou desconfiança dos eleitores e apoiadores do atual presidente da República que foi declarado perdedor pelo Tribunal Superior Eleitoral antes das 21 horas do domingo.
A ida às ruas dos insatisfeitos com o resultado das eleições não pode ser simplesmente criminalizada como desejo de tantos daqueles que, simplesmente foram protestar demonstrando a sua insatisfação, não só com o resultado, mas declarando o desejo de serem satisfeitas as suas aspirações de contar com um processo de apuração mais confiável do que tem sido mostrado e, especialmente, como tem sido defendido.
O processo de apuração não tinha outro momento mais oportuno para ser contestado. Talvez não fosse o resultado o principal motivo, mas a falta de comprovação de que o resultado era aquele mesmo.
Os organizadores das eleições, no caso o Tribunal Superior Eleitoral, precisam criar um ambiente onde o eleitor não deposite qualquer desconfiança.
Como está, já foi percebido que apenas as palavras defensivas do sistema, ditas por quem quer que seja, não são suficientes para tranquilizar o eleitor.
E quem tem a responsabilidade de oferecer essa tranquilidade?
Os organizadores das eleições, com o passar dos tempos, ficam cada vez mais teimosos, mais autoritários, mais turrões, sem abrir, sequer, um ambiente testes, conforme querem os eleitores, para acabar com as dúvidas.
Continuando assim, todo mundo acaba sendo prejudicado pelas manifestações de eleitores inconformados e querendo uma explicação que os organizadores, em verdade, não têm.
O eleitor quer contar com uma forma mais transparente de apuração, um jeito que ele possa conferir. Apenas isso!
Os responsáveis pela condução da apuração e pela apresentação dos resultados das eleições precisam ter sensibilidade para entender que o eleitor está desconfiado e, enquanto essa questão não for resolvida, as eleições no Brasil transmitirão o sentimento de que os organizadores das eleições não têm respeitados as suas reivindicações e os seus pedidos.
Nas manifestações de rua, pós-eleição de 2022, foram os eleitores que marcaram presença. Lá não tinha nenhum candidato ou presidente de partido.
É muito fácil agir, em nome da Democracia, de forma ditatorial, mandando multar, prender, esfolar os eleitores insatisfeitos.
Não seria obrigação aproveitar o momento para estudar uma solução para o problema? Ou vamos apenas esperar as eleições de 2024 para agir, outra vez de forma coercitiva, contra os eleitores insatisfeitos?
É evidente que a Democracia tem fundamento na vontade popular. Então, por que não atende a vontade do povo e faz como ele quer?