Rodolfo Juarez
A eleição do governador Clécio Luis, com o escancarado apoio do ex-governador Waldez Góes, que encerrava um mandato de oito anos, juntado com o resultado da eleição, decidido no primeiro turno de votação, com a expressiva somatória de votos, mais de 50% + 1 voto válido, ou mais de 222 mil votos válidos obtidos na apuração do dia 2 de outubro de 2022, tornaram as relações entre as equipes dos dois gestores, necessariamente amistosas.
O ambiente respeitoso que se instalou junto com as equipes que trataram da transição do governo que entra, para o governo que sai, não permitiu que as pendências mais difíceis fossem apresentadas com tempo suficiente para que os que estão saindo explicassem, e para os que estão entrando, perguntassem.
Agora, ao invés de 100 dias, como de praxe é adotado pelos administradores que entram, para comentar o primeiro período da gestão, os novos gestores precisarão de 6 meses para que isso seja possível, a não ser naqueles setores em que haja urgência de intervenção e que a população identifique as dificuldades encontradas e as soluções, para cada uma das dificuldades seja adotada pelos novos gestores.
Há uma forte corrente que avalia a Administração Pública, em geral, como um paquiderme, onde qualquer gestor tem dificuldade para movimentar a máquina pública, devido às diferentes amarras que precisam ser cuidadosamente desatadas. Há, também, aqueles que, não mais que de repente, observe um “jabuti” na copa da árvore.
Dependendo da habilidade profissional ou da confiança no processo de gestão aplicado pelo detentor do cargo público, a movimentação pode melhorar, mas, mesmo assim, com a lentidão decorrente dos costumes e até da má-vontade de alguns em dar velocidade nos processos e contribuir no procedimento.
Isso, entretanto, não quer dizer que o funcionário público é negligente ou não quer colaborar, quer dizer, isso sim, que precisa ter conhecimento do que vão lhe dar para fazer.
Tenho acompanhado, durante esses 51 anos que, primeiro diretamente e, agora, indiretamente, participo e avalio as ações desenvolvidas por servidores públicos, dos quais tive a oportunidade de ser o orientador e, a maioria das vezes, a oportunidade de ser um elo da corrente.
Compreender e fazer compreender que a corrente é tão forte quanto o mais fraco dos seus elos deve ser a primeira lição daqueles que assumiram a responsabilidade de desenvolver uma tarefa tendo que movimentar a “máquina pública”, seja o governador ou um dos seus colaboradores.
Entender que a transição “muito pacífica” deixa muitas pedras e pedrinhas no meio do caminho é uma possibilidade concorrente.
Começar mexendo no posicionamento daqueles que estão em pontos estratégicos da gestão não é um bom caminho, nem mesmo quando a gestão avança já no identificado “caminho crítico”.
A nova gestão já começou. De agora em diante os problemas que aparecem como surpresa terão que ser tratados com o “paquiderme em movimento”. Não dá para parar sem que a população observe. Não há carência de tempo. A população quer resultado, pois, no caso presente, não dá para botar a culpa do antecessor.
Habilidade para lidar com pessoas, competência para resolver os problemas e paciência para acumular as reclamações, são os escaninhos do comportamento que precisam estar abertos, disponível e com os espaços desocupados.