Rodolfo Juarez

Já faz algum tempo em que o período que o calendário reserva para o Carnaval, também é sacudido, no Brasil e no resto do mundo, por tragédias que levam à perda de inúmeras vidas, desfalcando famílias e grupos sociais de pessoas consideradas importantes para o dia a dia e para o futuro.

Desta feita foi no norte do Estado de São Paulo, o estado mais rico do Brasil, que demonstra, claramente, não estar preparado para os desafios da natureza e logo no mesmo momento em que os governos e a sociedade se preparavam para a grande festa de Momo.

Aquela região de São Paulo estava preparada para receber os veranistas do tempo do carnaval que já fervilhava na grade metrópole. Mas veio a chuva, muita chuva, muitos milímetros por metro quadrado, e aí o que era para ser descanso ou veraneio, passou a ser tempo de lamentação com perdas de vidas muito importantes.

Já havia acontecido em Petrópolis, na serra do Rio de Janeiro, uma tragédia com as mesmas características: muita chuva, deslizamento de terra, interrupção de rodovias e mortes de pessoas que jamais esperavam por aquele acontecimento, mesmo se longe deles.

A definição mais comum de  tragédia pode ser feita como uma forma dramática cujo fim é excitar o terror ou a piedade, baseada no percurso e no destino do protagonista ou herói, que termina, quase sempre, envolvido num acontecimento funesto.

Quem são os protagonistas nas tragédias brasileiras?

No dia em que se tiver essa informação, nesse dia começará o trabalho que poderá iniciar as soluções definitivas, com a não permissão para quem quer que seja morar em encostas ou às margens de pequenos rios responsáveis por dar vazão a qualquer volume de água da chuva.

Mesmo com tudo isso, as mortes sendo contadas às centenas e os desaparecidos não sendo encontrados nos escombros, outra parte da sociedade nacional estava pulando, dançando, seja correndo atrás do trio ou em cima dele, pouco querendo saber do que acontecia nas cidades do norte de São Paulo ou de qualquer outra parte do Brasil.

A população do mundo, contada em bilhões, tem pobres, remediados e ricos, que pouco ou nada quer saber disso ou do outro.

Com diz: quer apenas aproveitar!

Enquanto “aproveita” não sabe de nada, só vê ou ouve o que lhe interessa diretamente. Nada, mas nada mesmo, o desvia do roteiro traçado, independentemente desse roteiro lhe deixar “fora do ar” por 4 ou mais dias.

O noticiário dos locais onde estão assentados os principais centros de notícia do país, foi dividido, basicamente, em dois momentos: um para tratar do que classifica como tragédia e outro para tratar das festas. E tudo segue adiante, na certeza de que haverá repetição, tanto da tragédia como da divisão do horário e, em um futuro que já pode ser projetado para logo mais.