Rodolfo Juarez

O Amapá, apesar do empenho de agentes públicos, de técnicos locais e dos recursos públicos que já foram gastos, ainda patina para deixar a posição de último colocado na escala de oferta de saneamento básico à população.

Apenas um exemplo desse empenho: um desfile público de caminhões, muitos caminhões mesmo, pelas ruas de Macapá, cheios de tubos de esgoto e conexões, tubos de água e conexões, cada caminhão carregando duas faixas, uma de um lado e uma do outro lado, com a frase: “Água 2010 para todos”.

Esse desfile de caminhões, carregados de tubos de água e de tubos de esgoto, foi realizado pelas ruas de Macapá no ano 2000, apresentando a promessa de que a então concessionária de água e esgoto no Amapá, a Companhia de Água e Esgoto do Amapá – Caesa, entregaria a todos os habitantes de Macapá, em 2010, água tratada para todos os habitantes de Macapá.

A Caesa tinha o projeto e o Governo do Estado havia adquirido o material, e mostrava naquele momento à população, parte do que seria necessário à execução do projeto de saneamento de Macapá.

Os anos passaram e o material continuava na área da Caesa na espera do momento considerado certo para o início das obras de lançamento das linhas que levariam água tratada a todos os endereços dos moradores de Macapá, exatamente como constava do projeto.

As linhas já lançadas para atender o sistema de água e esgoto ainda no tempo do Território Federal do Amapá começavam a apresentar problemas. Como o material para a expansão continuava no pátio da empresa de saneamento, a Caesa, a melhor solução para o momento seria usar o material para substituição de partes deterioradas do sistema.

Havia, também, uma pressão, principalmente na época de campanha política, para expandir a rede de distribuição para um lado e para o outro, sem critério técnico, prevalecia a possibilidade de captação de votos.

Todo o material que seria usado na expansão projetada no sentido de atender 100% da população residente em Macapá acabou saindo do estoque para atender as emergências que surgiam. Alguns dessas emergências eram turbinadas pelo maior poder de convencimento de um candidato.

Todo mundo entrava nessa “canoa” furando o projeto “Água 2010 para todos” que também precisava de bombas de captação mais potentes, aumento do volume de reserva de água tratada, entre outras necessidades que não acompanharam os tubos e as conexões.

Para o sistema de esgoto, que também fazia parte do projeto, muito embora não anunciasse 100% da coleta, transporte e destino final, uma vez que pouca coisa havia no estoque da Companhia de Água e Esgoto do Amapá – Caesa.

Em 2022 foi fechado o projeto de privatização da Caesa. A nova concessionária lida atualmente com os mesmo problemas que seriam resolvidos até 2010.

Está aí a nova concessionária com a promessa de resolver os problemas da oferta de água tratada e da coleta, transporte e destino final do esgoto produzido pela população.

Olhando a escala se vê que Macapá ainda ocupa o último lugar na oferta destes serviços, assim como as outras cidades sedes municipais. Os movimentos indicam renovação da esperança da população, mas apenas isso, pois a posição do estado e suas cidades no ranking continua 27.ª, a última.