No Amapá o problema ocorre no Arquipélago do Bailique. O governador e o ministro da integração apoiam a iniciativa.

Na busca por soluções para a salinização das águas doces da Foz do Rio Amazonas, no Amapá, que há anos afeta cerca de 13 mil ribeirinhos que vivem no Arquipélago do Bailique, o senador Davi Alcolumbre (AP) esteve, na sexta-feira 07/07, no Rio Grande do Norte, com especialistas responsáveis pela dessalinização naquele estado.

Desde o fim de 2021 que o avanço do fenômeno da salinização tornou-se um grande problema para os habitantes do arquipélago do Bailique (Foto: Assessoria de Imprensa do senador Davi).

Na companhia do governador Clécio Luís e do ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, Davi conversou com representantes das empresas CPFL e State Grid e assistiu a uma simulação do processo de dessalinização no município de João Câmara.

“Estamos na busca por soluções reais, efetivas para essa situação que atinge milhares de amapaenses há anos e que afeta tanto a vida dessas pessoas. Viemos conhecer esse processo no Rio Grande do Norte e debater a possibilidade de se investigar se o mesmo pode ser feito no Amapá”, explicou o parlamentar.

“Precisamos mudar a realidade dessas famílias e, com diálogo, parceria, compromisso e troca de conhecimentos, podemos debater o que, quem sabe, será uma solução para as regiões ribeirinhas do Arquipélago do Bailique”, disse Davi Alcolumbre, que também conversou com a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra.

O fenômeno da salinização das águas doces ocorre de forma natural, em função do avanço do Oceano Atlântico sobre o rio. A ideia inicial do senador Davi é levar um projeto semelhante do Rio Grande do Norte para o Bailique, mas, antes, é preciso saber se a proposta é viável também para o Amapá.

Para o governador Clécio Luís, a visita é um importante passo para conhecer o processo de dessalinização e debater  com especialistas a possibilidade de o mesmo que foi feito no Rio Grande do Norte ser executado no Amapá.

O governador Clécio assim se manifestou: “Voltaremos renovados para o Amapá e com algo mais concreto, já que  em qualquer lugar do mundo tanto a água quanto a energia são sinônimos de dignidade; sem água não é possível ter merenda nas escolas, sem água não há saúde, um exemplo disso é o aumento de casos de hipertensão no arquipélago pelo consumo inapropriado da água  salinizada. Aqui vimos a conjugação de água  e energia renovável, potencial que o Amapá também possui para implementar.”

O ministro Waldez Góes  reconheceu a importância do debate para o avanço na busca de soluções para o problema da dessalinização no estado.

“Nós temos realidades hídricas muito diferentes neste Brasil de dimensão continental. Então, procuramos conhecer experiências tecnológicas já existentes e que sirvam para solucionar problemas que existem em outros locais. E, com isso, procuramos construir parcerias entre os governos. Essas trocas de experiência, essas parcerias são decisivas e recomendadas diariamente pelo presidente Lula”, destacou Waldez Góes.

Lembrou ainda o ministro que o sofrimento das milhares de famílias que enfrentam  o fenômeno.  “O Amapá é um estado que, na foz do Amazonas, requer muito o uso desse tipo de tecnologia de dessalinização, uma vez que o Atlântico está salinizando bastante o arquipélago no Bailique, onde estão mais de 60 comunidades e 13 mil pessoas vivendo com muita dificuldade em termos de água para consumo humano. Essa  experiência aqui do Rio Grande do Norte será importante para o trabalho que desenvolveremos no Amapá”, completou o ministro.

Rodolfo Sirol, diretor de sustentabilidade da CPFL Energia explicou o processo de dessalinização das águas daquela região que beneficia atualmente 3 comunidades do Rio Grande do Norte.

Além da qualidade do dessalinizador, um ponto a se destacar é o sistema fotovoltaico que produz a energia para todo o sistema, ou seja, ele é neutro em energia porque ele mesmo produz a sua própria energia através dos painéis, o que permite  também que ele não emita carbono. É o que há de mais moderno e alinhado com tudo que se quer em termos de tecnologia e ciência.

Para o Amapá, o diretor  acrescenta que esse dessalinizador poderá ser a solução para o arquipélago do Bailique, apesar das diferenças no processo de salinização da água nas regiões.

O sistema visitado nesta sexta-feira está localizado na comunidade Serrote São Bento, em João Câmara, também conhecida como ‘Amarelão’. O governo do estado firmou cooperação com as empresas CPFL Renováveis e State Grid, como forma de compensação ambiental, para instalação do dessalinizador.

Davi Alcolumbre afirmou estar  otimista em relação à nova tecnologia e às soluções que poderão acabar com o sofrimento das famílias ribeirinhas do Bailique: “Esse é um projeto inovador, um dos mais modernos do Brasil e, com certeza absoluta, este poderá ser o caminho para que uma nova realidade chegue para nossos irmãos do Bailique oferecendo a eles  o direito à água potável, tratada e saudável de forma permanente”, finalizou.

Efeitos da salinização no Bailique

O processo de dessalinização ocorre quando a água salobra,  mistura da água doce com a água salgada. E essa água não pode ser usada para cozinhar alimentos, tampouco beber e tomar banho.

Desde o fim de 2021, o avanço do fenômeno da salinização das águas do arquipélago do Bailique sofre um aumento exponencial, afetando quase a totalidade da região.

Desde então, os moradores das comunidades do Bailique recorrem à captação de água das chuvas em cisternas para consumo doméstico. Para tentar amenizar o sofrimento das famílias, o governo do Amapá cedeu caixas d’água para o armazenamento de água que atende as localidades do arquipélago.