Rodolfo Juarez

Depois das investigações extraoficiais e oficiais já há um veredicto preliminar sobre o propalado desabastecimento de gasolina em Macapá nos primeiros dias de agosto: tudo não passou de notícia falsa que circulou nas redes sociais.

Então, a fake news tupiniquim acabou por despertar nos condutores e proprietários de veículos, cujos motores consomem gasolina, o sentimento do “pelo sim, pelo não” o que os levou (quase todos), ao mesmo tempo, aos postos de abastecimento e, simplesmente, pelo menos aqueles que ainda tinham saldo no cartão, encher o tanque, mesmo sem poder ou estar no planejamento.

Foi grande a corrida aos postos de abastecimento de combustível, gente que experimentou de todas as formas descobrir qual a melhor hora para abastecer, quando tinha menos carros na fila, e haja paciência e, até alguns desentendimentos com aqueles que, além de encher o tanque, ainda levavam carotes cheios de gasolina, com o objetivo de ter uma reserva especial e “estratégica” mais perto de casa ou em casa.

A primeira fiscalização foi do Procon. Mas, afinal, o que é o Procon?

O Procon é um órgão público de defesa do consumidor que, entre outras funções, recebe reclamações para mediar soluções de conflitos entre consumidor, empresas e prestadores de serviços de forma extrajudicial.

O órgão também se dedica a fornecer orientações sobre questões de consumo, além de atuar com medidas administrativas para cessar práticas abusivas de empresas. Existem unidades do Procon em todos os Estados brasileiros, além de alguns municipais também.

As reclamações sobre a falta do produto começaram a pipocar exatamente no Procon local. Foram tantas que o órgão resolveu tirar a prova e sair para as ruas e checar nos postos de combustíveis. Lá os frentistas e os responsáveis pelo posto respondiam que não tinham qualquer informação de que haveria desabastecimento.

Os técnicos da proteção do consumidor seguiram então para os escritórios das distribuidoras. Os dois endereços são em Santana, onde está o terminal que recebe o derivado do petróleo de Belém, via balsa, e lá foram informados de que uma delas estava atrasada, mas só isso; entretanto, havia combustível suficiente para abastecer todos os 240 mil veículos que circulam no Estado.

Então o que estava acontecendo?

Mais uma vez as culpas caíram sobre as redes sociais e que, possivelmente um dos operadores havia postado que uma balsa estava atrasada. O que era verdade, mas não significava que esse atraso provocaria desabastecimento.

O assunto ganhou ares de problema de Estado e chegou ao Palácio do Setentrião, onde o alto escalão do governo esteve presente para ouvir donos de postos e responsáveis pelas distribuidoras que não havia motivo para a corrida pelo abastecimento.

Vieram também as explicações dos agentes do Governo que corroboraram com o que haviam dito os empresários. Restou então, e mais uma vez, a possibilidade de ser uma notícia falsa, uma fake news, postada nas redes sociais.

Então a Polícia Civil ficou com a incumbência de descobrir quem foi que postou a notícia de que uma balsa estava atrasada e quem foi que espalhou a notícia interpretativa de que, em consequência do atraso da balsa, haveria falta de combustível nas bombas e os carros correriam o risco de parar.

Esperar, então, pelo término das investigações da Polícia Civil para voltar ao assunto que, de verdade, movimentou as cidades amapaenses.