Rodolfo Juarez

Na quarta-feira, dia 16 de agosto, o canal de drenagem da parte central da cidade que fica ao longo da Avenida Mendonça Junior, recebendo contribuição das águas da galeria subterrânea sob a Rua Tiradentes, e que tem como destino o rio Amazonas através da galeria localizada no Parque do Forte, foi observado uma quantidade significativa de peixes mortos ao longo do canal.

Curiosos e jornalista se apressaram para saber o que estava acontecendo, pois, é de conhecimento comum que peixes que entram pelo canal durante a maré alta, exploram, durante um período de 4 a 6 horas toda  extensão do canal e retornam ao rio Amazonas logo depois da meia maré.

O que aconteceu, desta vez, para o aparecimento de peixes mortos, provavelmente tenha sido o teor alto de poluição por matéria orgânica na água e, com isso, a proliferação de bactérias aeróbias, devido lançamento, em excesso, de alimentos o que provoca proliferação descontrolada de bactérias que consomem muito o oxigênio dissolvido na água, faltando assim para os peixes, que acabam morrendo.

A água poluída costuma ser a principal causa de deterioração da saúde dos peixes. Por outro lado, o aumento do teor de amônia e nitratos, metais pesados na água, faz com que os animais morram rapidamente.

O peixe depende da qualidade da água para suas necessidades respiratórias (oxigênio dissolvido), alimentares e reprodutivas e sobrevivência. Uma mortandade pode ter causas naturais, ser resultante de atividade antrópica (humana) ou, ainda, ser causada por uma combinação de fatores naturais e antrópicos.

Entre os fatores naturais, estão alterações bruscas de temperatura, decomposição de matéria orgânica natural, alteração na salinidade, alta mortalidade de crias e eclosões de parasitas, bactérias, vírus e fungos.

Existem fatores que variam no meio aquático, como por exemplo, a temperatura, o pH, o oxigênio dissolvido, a salinidade e o material em suspensão, que são, de suma, importantes para a qualidade de vida dos peixes.

Esses fatores podem oscilar naturalmente ou em decorrência de modificações promovidas pelo homem, como erosão, acidificação, matéria orgânica de esgoto doméstico e industrial, nutrientes etc. A oscilação dessas condições, seja natural ou não, pode iniciar uma mortandade.

A temperatura da água é um dos fatores ecológicos mais importantes para os peixes, sendo que a tolerância a temperaturas extremas depende da espécie, do estágio de desenvolvimento e do período de aclimatação a que foram submetidos os organismos.

Em geral, para cada espécie existem faixas de temperatura ideais para o crescimento e alimentação, podendo estas ser diferentes nas fases adulta e jovem. É também notadamente conhecida a influência das mudanças de temperatura na reprodução ou na migração.

O fato é que poucas espécies resistem a temperaturas elevadas (acima de 35ºC), pois estão, geralmente, associadas à diminuição nos teores de oxigênio dissolvido no meio e, ao mesmo tempo, ao aumento na taxa respiratória, além de afetar o metabolismo dos peixes, pois diminuem a afinidade da hemoglobina (pigmento do sangue) pelo oxigênio. Qualquer uma dessas condições, de um modo geral, irá resultar na morte dos peixes por asfixia.

Estudar o que está acontecendo é tarefa para as secretarias de meio ambiente e de urbanismo da Prefeitura de Macapá e do Estado do Amapá. Apenas olhar e ver os peixes mortos, tapar o nariz com os dedos e reclamar, não vai resolver a situação. Um diagnóstico do acidente precisa ser feito com a devida urgência.