Rodolfo Juarez

O episódio ocorrido dia 16 de agosto, quando uma equipe do Incra, em um dos helicópteros contratados pela autarquia, saiu dos radares dos aeroportos de controle, desaparecendo com o comandante e mais dois passageiros a bordo.

As viagens em aeronaves de pequeno porte pelo Norte do Brasil, devido às grandes distâncias entre cidades, principalmente aquelas que além da pista de pouso conta com torre de controle voo, mesmo assim ainda não despertaram a atenção das autoridades aeronáuticas que sabem do perigo que é navegar em áreas desconhecidas ou não tão bem conhecidas, sem comunicação que dê condições de apoio ao comandante quando em uma situação de emergência, seja pelo tempo, seja por pane em equipamentos ou motor ou motores da aeronave.

O helicóptero em que estavam o comandante e os dois passageiros, fora contratado pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do Amapá e Norte do Pará, decolou volta das 12h do dia 16/08, quarta-feira, da base Bona, na Aldeia Maritepu, localizada no Parque Indígena Tumucumaque, no Pará, com destino a Macapá.

O comandante, tenente-coronel Josiel Freitas, era quem comandava a aeronave e trazia como passageiros para Macapá, o mecânico Gabriel e o engenheiro Francisco Pereira Vieria.

O comandante, tenente-coronel Josiel Freitas, veterano de ações na Amazônia, já participara da implantação do sistema de aviação do Ibama, do treinamento do pessoal do Grupamento Tático Aéreo do Estado do Amapá (GTA-AP), foi decisivo na orientação dos dois passageiros sobre o que fazer para sobreviver na selva, agir no sentido de ser localizado e ter ainda forças para facilitar, ao máximo, a operação de resgate, quando localizada a aeronave sinistrada.

Desta vez não houve vítimas fatais, a aeronave foi localizada depois de quatro dias de buscas, e os passageiros resgatados e colocados a salvo.

Mas nem sempre é assim.

Neste momento pelo menos 24 aeronaves estão desaparecidas nos 5 milhões de quilômetros quadrados da Amazônia Legal e, a maioria, com as buscas encerradas, deixando na floresta as pessoas e as aeronaves.

A incerteza dos familiares que, sem informação, ainda buscam justificativas e possibilidades que possa permitir que seus parentes estejam vivos, enfrentando os perigos da grade floresta e vivendo em algum da imensidão desconhecida.

A tragédia do Macacoari, ocorrida no dia 21 de janeiro de 1958, quando o deputado federal Coaracy Nunes, o promotor de justiça Hildemar Maia e o piloto-comandante Hamilton Silva, se decolavam do Carmo do Macacoari, hoje distrito do município de Itaubal, para Macapá, em um monomotor Paulistinha que caiu logo depois da decolagem, ainda está na memória da população como resultado do pioneirismo daqueles que iniciaram o processo de desenvolvimento do hoje Estado do Amapá.

Ainda estão na memória do povo daqui o acidente com a aeronave pilotada deputado Dalton Martins, um Cessna C206, que no dia 20 de abril de 2012, caiu no distrito do Coração, município de Macapá, matando o piloto, o próprio deputado, e uma passageira.

O acidente com o avião da Paraense, vou 903, acontecido na madrugada do dia 14 de março de 1970, que mergulhou na baia do Guajará, com apenas 3 passageiros sendo resgatados com vida, muito embora, um deles, tenha vindo a óbito quando estava hospitalizado em razão do acidente. Um dos passageiros da aeronave, era o comediante de grande sucesso, Coronel Ludugero, que vinha com toda a sua equipe de produção.

Outro acidente marcante ocorreu nas florestas do Estado do Mato Grosso, criando um crise não havida na aviação comercial brasileira, quando, no dia 29 de setembro de 2006, um avião da Gol, voo 1907, colidiu com uma aeronave Embraer Legacy 600, matando os 154 pessoas entre passageiros e tripulação.

Por outro lado, tem a história do piloto de Santarém, no Pará, que depois de 36 dias desaparecido na floresta, deu com uma casa de castanha. Muito abatido, com 30 quilos a menos, foi salvo.