Rodolfo Juarez

Para alguns dirigentes públicos, especialmente da área de saúde, de nada vale o Estatuto do Idoso, especialmente na parte em que deveria se submeter ao comando do artigo 71 quando garante que “é assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância”.

Ressalte-se que, além desse direito, aos idosos foram atribuídos naquele Estatuto, mais seis direitos: atendimento preferencial, acompanhante em hospitais, medicamentos gratuitos, transporte público, isenção do IPTU e pensão alimentícia.

Eu tenho 77 anos, sou paciente renal crônico, fazendo hemodiálise três vezes por semana e buscando um direito que me é atribuído legalmente, de entrar na fila de transplante de rim mantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Vale destacar que o estado do Amapá e o estado do Tocantins são os estados da federação que não fazem transplante de rim e, por isso, todos os pacientes renais crônicos, daqui do Amapá, têm que buscar o transplante noutros estados da federação através de um complicado e desumano processo de colocação de pacientes daqui, em qualquer dos outros 25 estados brasileiros que, juntos tem mais de 680 centros de transplantes.

Pessoalmente, busquei e tive marcado exames de pré-transplante em Campo Largo, no Estado do Paraná e, em Belém, no Estado do Pará.

Um descompasso ou um absurdo desinteresse daqueles que, pelo Estado do Amapá, tratam do assunto, não confirmaram a disponibilidade da máquina de hemodiálise, necessária para manter o paciente vivo durante o período em que estiver se submetendo aos exames pré-transplante, necessários para conhecimento do estado clínico e pré-operatório do paciente.

Esse procedimento antecede a entrada do paciente renal crônico na fila de espera do transplante.

Recebi, na sexta-feira passada, a negativa da disponibilidade da máquina de hemodiálise em Belém e, com isso, não vou poder me deslocar até à capital paraense para lá ficar por até 30 dias e lá fazer 13 sessões de hemodiálise.

A primeira negativa veio de Campo Largo, no Estado do Paraná, onde estava marcada a consulta pré-transplante para setembro de 2023, e com o mesmo argumento.

Faço hemodiálise na Clínica Uninefro, três vezes por semana, mas, antes, passei pela Clínica de Hemodiálise do HCAL. Já completei 773 sessões de hemodiálise. Desde março de 2019 tenho que me submeter à filtragem mecânica do meu sangue.

Parece uma incoerência, má vontade ou desinteresse da Coordenadoria de Regulação, Controle e Avaliação da Secretaria de Estado da Saúde do Amapá que, simplesmente parece não compreender que precisa de outras formas de ação, uma vez que o Estado do Amapá não faz transplante de rim.

Recente informação da Secretaria de Saúde do Tocantins, resultante de consulta feita sobre o estágio de implantação do processo de transplante de rim naquele Estado, garantem que, este ano, será dado início aos transplantes não só de rim, mas também de fígado e córnea naquela UF.

Saliente-se que entre os mais de 500 pacientes em hemodiálise no Estado do Amapá, também há jovens senhores e jovens senhoras que ainda podem produzir bastante para o desenvolvimento do Amapá e que estão precisando, urgentemente, de melhor entendimento do estágio administrativo em que se encontra o SUS no Estado.